Produção e processo produtivo

A produção é a actuação do Homem sobre a Natureza com vista à obtenção de bens e serviços.

O processo produtivo é a sequência de etapas através das quais os factores produtivos - designadamente o capital e o trabalho - transformam as matérias-primas em produtos finais.

A produção só é considerada actividade económica quando os bens se destinam ao mercado – não a auto-consumo, ou a familiares e/ou amigos – e quando o trabalho é remunerado. Actividades não remuneradas – como o trabalho doméstico, caça desportiva, etc. – são consideradas lazer.

Hoje, quem não participa na actividade económica sente-se excluído da sociedade por falta de rendimento para adquirir os bens. Porém, em termos sociais, o trabalho inicialmente era encarado como algo negativo.

As contas nacionais portuguesas desdobram a produção nos seguintes ramos de actividade:
1. Agricultura, silvicultura e pesca
2. Indústrias extractivas
3. Indústrias alimentares, das bebidas e do tabaco
4. Indústria têxtil, do vestuário, do couro e dos produtos de couro
5. Indústria da madeira, pasta, papel e cartão e seus artigos e impressão
6. Fabricação de coque e de produtos petrolíferos refinados
7. Fabricação de produtos químicos e de fibras sintéticas e artificiais
8. Fabricação de produtos farmacêuticos de base e de preparações farmacêuticas
9. Fabricação de artigos de borracha, de matérias plásticas e de outros produtos minerais não metálicos
10. Indústrias metalúrgicas de base e fabricação de produtos metálicos, excepto máquinas e equipamentos
11. Fabricação de equipamentos informáticos, equipamentos para comunicação, produtos electrónicos e ópticos
12. Fabricação de equipamento eléctrico
13. Fabricação de máquinas e equipamentos, n.e.
14. Fabricação de material de transporte
15. Indústrias transformadoras, n. e.; reparação, manutenção e instalação de máquinas e equipamentos
16. Produção e distribuição de electricidade, gás, vapor e ar frio
17. Captação, tratamento e distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e despoluição
18. Construção
19. Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos
20. Transportes e armazenagem
21. Actividades de alojamento e restauração
22. Actividades de edição, gravação e programação de rádio e televisão
23. Telecomunicações
24. Consultoria, actividades relacionadas de programação informática e actividades dos serviços de informação
25. Actividades financeiras e de seguros
26. Actividades imobiliárias
27. Actividades jurídicas, de contabilidade, gestão, arquitectura, engenharia e actividades de ensaios e análises técnicas
28. Investigação científica e desenvolvimento
29. Outras actividades de consultoria, científicas e técnicas
30. Actividades administrativas e dos serviços de apoio
31. Administração pública e defesa; segurança social obrigatória
32. Educação
33. Actividades de saúde humana
34. Actividades de apoio social
35. Actividades artísticas, de espectáculos e recreativas
36. Outras actividades de serviços
37. Actividades das famílias empregadoras de pessoal doméstico. actividades de produção de bens e serviços pelas famílias para uso próprio
38. Actividades dos organismos internacionais e outras instituições extra-territoriais
Fonte: INE.

Na análise económica a classificação de actividades mais conhecida deve-se a Colin Clark que distinguiu três sectores:

I - Sector Primário: extracção de matérias-primas (agricultura, silvicultura, pescas, pecuária, minas)

II - Sector Secundário: construção e indústrias transformadoras (transformam as matérias-primas em produtos, a utilizar por outras indústrias ou destinados a consumo final)

III – Sector Terciário: serviços (comércio, transportes, restauração, telecomunicações, banca, seguros, educação, saúde, justiça, etc.)

No Sector II distinguem-se frequentemente as indústrias tendo em consideração a (1) proporção em que combinam os factores produtivos, ou a (2) história das tecnologias:

(1) As indústrias ligeiras (como as alimentares, de vestuário, calçado, etc.) podem começar a funcionar com um investimento relativamente reduzido, predominando o factor trabalho. Já as indústrias pesadas (indústrias metalúrgicas, construção naval, cimentos, energia, etc.) exigem um volumoso investimento inicial, predominando o factor capital. Assim podem-se designar as primeiras por indústrias trabalho-intensivas e as segundas por indústrias capital-intensivas;

(2) As indústrias tradicionais (como as alimentares, de vestuário, a metalurgia, etc.) distinguem-se das indústrias modernas (indústria farmacêutica, biotecnologia, componentes electrónicos, informática, telecomunicações, etc.) porque as primeiras utilizam tecnologia já conhecida desde a Revolução Industrial, enquanto as segundas utilizam tecnologias mais recentes, por vezes referidas como “tecnologias de ponta”.

A análise da estrutura sectorial da produção permite comparar o nível de desenvolvimento de diferentes países e/ou analisar a evolução de cada país. Assim nos países mais desenvolvidos o contributo do Sector I (Agricultura) para o PIB é diminuto.
Fonte: Country Profiles, EUROSTAT.

A estrutura sectorial do emprego mostra que em 1974 ainda predominava o sector primário, enquanto hoje os serviços representam quase 2/3 da população empregue, sem que alguma vez o sector secundário tenha sido dominante, uma ausência de industrialização que constitui uma debilidade da economia portuguesa.

Fonte: PORDATA.

Tendo a estrutura sectorial da produção e a estrutura sectorial do emprego é fácil explicar que como as pessoas procuram actividades melhor remuneradas, se deslocam das actividades com menor produtividade (*) para as mais produtivas, visto que estas podem pagar salários mais elevados.


Observando a produtividade de Portugal no contexto da União Europeia, verifica-se que ficamos muito aquém dos países mais ricos, e estamos a ser ultrapassados por países mais pobres, que entraram após o alargamento de 2004. Em 1995 a produtividade do trabalho por hora trabalhada na Alemanha encontrava-se 23,4€ (34-10,6=23,4) acima da portuguesa, diferença que aumentou em 2020 para 32,7€ (56,5-23,8=32,7). Comparando com a República Checa, a sua produtividade em 1995 era metade da portuguesa, mas já nos ultrapassou.


(*) O conceito de produtividade será leccionado brevemente. Entretanto, neste exercício, define tu a produtividade - a calcular no ponto 3. - por analogia à seguinte situação:
Se dois estudantes, A e B, obtêm a mesma média no final do secundário - 16, foi a "produção" de ambos - mas o A estudava 1 hora/dia, enquanto o B despendia 2 horas/dia no seu "trabalho", então o A foi mais produtivo que o B.



1. Indica os ramos de actividade apresentados pelas Contas Nacionais portuguesas de acordo com a classificação de Colin Clark.

2. Aponta três ramos de actividade considerados:
a) indústrias ligeiras;
b) indústrias pesadas;
c) indústrias modernas;
d) indústrias tradicionais.

3. Calcula a produtividade dos sectores I, II e III em 1995 e em 2009. Justifica a alteração da estrutura sectorial do emprego ao longo deste período, e refere o cenário mais plausível da sua evolução após 2009.

4. Constrói um gráfico ilustrativo da questão 3. (PREVIEW) e comenta-o. (HELP)

5. Utilizando a Nominal labour productivity per person employed (ESA 2010) (no EUROSTAT) de 2012 a 2023 (Ficheiro de ajuda), constrói no GoogleSheets e comenta um gráfico com os 5 países indicados, Portugal e 4 países contrastantes (2 mais pobres e 2 mais ricos). * PREVIEW

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