O Trabalho
Em Economia, é um dos factores de produção, usualmente combinado com o capital e as matérias-primas, para produzir bens ou prestar serviços. Para os economistas da escola clássica, o trabalho é considerado como o primeiro factor produtivo. Porém, a escola neo-clássica vê o trabalho simplesmente como um dos factores de produção, cujo valor é determinado pela oferta e pela procura, tal como qualquer outro bem. A quantidade de trabalho numa economia moderna é determinada pela dimensão da população e pela duração do trabalho socialmente aceite para jovens, adultos e mulheres.
Em termos sociais, o trabalho inicialmente era encarado como algo negativo, incompatível com a realização de actividades políticas. Nas antigas cidades-estado helénicas, o trabalho era concentrado na mão-de-obra escrava, não podendo ser responsabilidade de qualquer homem que se assumia como cidadão. Tal estatuto deveria ser apenas determinado pela livre consciência, e não pela imperativa satisfação de necessidades primárias.
Durante todo o período da Idade Média, a dinamização dos mercados citadinos estimulou o trabalho artesanal. Não deixando de estar integrados na ordem feudal, os artesãos eram dotados de uma maior autonomia do que os servos agrícolas, uma vez que eram proprietários dos seus próprios meios de produção (oficinas, instrumentos e matérias-primas). A associação em confrarias, guildas e corporações constitui, de certo modo, expressão deste facto.
Com a Revolução Industrial, o trabalho torna-se abstracto, deixando de existir uma relação directa e identificativa entre o trabalhador e a sua produção. Com Taylor, o trabalho é sujeito a um intenso processo de regulação científica, destinado a aproveitar e a determinar ao máximo todos os esforços humanos. No entanto, paradoxalmente, o facto do operário ser confrontado com longas jornadas de trabalho, num ambiente de comunhão colectiva com os seus colegas, levou ao desenvolvimento de uma relação social de identificação com o seu labor. O proletário é, antes de tudo, um trabalhador. O Fordismo e o Estado-Providência vieram consolidar a ligação entre o operário e a sociedade, ao dotar o trabalhador de uma série de direitos sociais, e ao fazer dele um empregado e um consumidor.
A partir da década de 1950, verificou-se o que muitos teóricos denominaram de pós-industrialização, visível na concentração dos empregos no sector terciário. O novo desempenho produtivo, determinado essencialmente pela manipulação de informação, obrigou a que o trabalho não fosse mais assente no poder do físico, mas sim no tipo de personalidade e no nível de conhecimento dos empregados.
Trabalho feminino
Outro dos fenómenos que caracterizam o processo de pós-industrialização é o aumento das mulheres trabalhadoras. Em Portugal, as mulheres portuguesas começaram a fazer parte da população activa a partir da década de 1960. Antes deste período, a população feminina não participava directamente no mercado de emprego, sendo a taxa de actividade de cerca de 15%. As razões desta mudança encontram-se associadas à necessidade de aumentar o rendimento das famílias e à migração dos maridos e dos pais para as cidades. As mulheres conquistaram o mundo do trabalho devido às circunstâncias históricas, sem as lutas feministas e de emancipação que se verificaram noutros países. A partir dos anos sessenta, os homens foram recrutados para a guerra colonial ou emigraram, deixando o mercado de trabalho sem oferta de mão-de-obra. Esta falta foi colmatada pela população feminina, que ocupou os lugares vagos nas indústrias têxteis e nos campos agrícolas. Passados mais de quarenta anos, as mulheres portuguesas apresentam uma taxa de emprego superior à média europeia. Contudo, a taxa de desemprego tende a concentrar-se mais no sector feminino, sendo a sua remuneração, em média, 15% inferior à dos homens.
A entrada no mercado de trabalho e a conquista de um novo estatuto social e jurídico deu às mulheres acesso a novas profissões, como é o caso da diplomacia e magistratura. No final do século XX, as mulheres dominavam, em número, os cursos universitários e a obtenção dos respectivos diplomas, com as maiores taxas da Europa.
Hoje, a maior parte das mulheres trabalha no ensino ou na saúde. Em determinadas situações da médica, e nos níveis mais baixos de ensino da professora, estes sectores parecem pertencer “naturalmente” à esfera feminina, porque os profissionais continuam a “cuidar” de alguém. Adquiriram tempo para ter um emprego remunerado quando a comercialização da pilula iniciou a revolução sexual dos anos 60.
Trabalho precário
Actualmente, cerca de 36,7% da população activa portuguesa encontra-se desempregada ou com um vínculo contratual não permanente (esta categoria inclui contratados a prazo, trabalhadores independentes ou de empresas de trabalho temporário), uma das mais taxas elevadas da Europa (conjuntamente com Espanha e Polónia).
A emergência de formas contratuais atípicas, caracterizadas por um menor vínculo entre empregado e empregador, poderá representar para muitos trabalhadores, nomeadamente para os mais qualificados, uma oportunidade de uma vida mais flexível. Porém, para a grande parte da população activa (mulheres, jovens até 24 anos, grupos com escolaridade intermédia e trabalhadores menos qualificados), constitui uma forma de precariedade e insegurança social que dificulta a mínima previsão de uma vida futura.
Fonte, temporariamente acessível: http://www.universal.pt/scripts/site/newsletter/trabalho.html
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