Do sonho dos economistas, resta a plataforma de pensamento

Paralelamente ao desenvolvimento da informação económica, designadamente dos sistemas de contabilidade nacional, os economistas acreditam ter descoberto a receita para controlar os ciclos económicos a curto prazo, através do modelo keynesiano, que se tornou relevante para o estabelecimento da política económica.


Em 1950-1975 registou-se um esforço para unificar o debate económico e social em torno de uma linguagem comum (plano, macroeconomia keynesiana, crescimento, contabilidade nacional, sociologia das desigualdades sociais e dos seus indicadores estatísticos, negociações colectivas apoiadas pelo Estado entre o patronato e os sindicatos, sobre os salários inscritos nas grelhas convencionais, sistema redistributivo e protecção social). Foi igualmente criada uma linguagem antes inexistente, relativamente coerente, pela via do vocabulário e das ferramentas estatísticas.

Os indicadores económicos passam a integrar-se na rede das representações comuns, e então, deste ponto de vista tornam-se realidades. De facto a realidade de um objecto depende da extensão e da robustez da rede mais larga dos objectos na qual está inscrito. Esta linguagem foi difundida através das universidades, e depois no ensino secundário.

No fim dos anos 1970, as redes de equivalência conduziram às de totalizações políticas e estatísticas demolindo-se a si mesmas parcialmente. O plano tinha menos peso em si que como um lugar de diálogo e de previsão a médio prazo das grandes decisões públicas. Os modelos econométricos simulam as evoluções das relações entre os objectos macroeconómicos e macrossocializam os objectos mais centrais do sistema de totalização sendo frequentemente julgados incapazes de prever as tensões e as crises. NINGUÉM CONSEGUIU PREVER A CRISE DE 1973... E AOS OLHOS DE TODOS FICOU EVIDENTE QUE OS MODELOS NÃO PASSAVAM DE REPRESENTAÇÕES...

A paragem do crescimento tornou mais difícil a reunião dos parceiros sociais para debaterem os efeitos da crise, que a divisão dos benefícios.
Nas economias abertas não funcionam os modelos keynesianos, válidos nas autarcias, porque o aumento da procura se reparte pelo mundo.
Hoje, a acção do Estado é menos voluntariosa e macro-económica, e mais orientada para a produção de regras facilitadoras do livre jogo do mercado e da concorrência.
As empresas são menos frequentemente geridas de modo centralizado segundo os princípios taylorianos e fordistas que, em favor da padronização das tarefas e dos produtos de grande consumo, se prestavam bem à construção de sistemas integrados de estatísticas industriais.
A plataforma de pensamento disseminado, é (talvez) ainda a única, que nos permite discutir e pensar o mundo social...

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